A realização de eventos deveria servir para atrair turistas e animar a zona histórica do Porto. Não para afastar turistas e perturbar os moradores. Existirá algum motivo para que os concertos não terminem à meia-noite, ou é apenas má organização e desleixo?
De pouco vale levar o Turismo do Douro levar 40 embaixadores a visitar o Douro se depois tratamos assim outros potenciais embaixadores. A criação de um destino turístico de qualidade não se compadece com este tipo de situações. Nem a atracção de moradores para a Baixa.
"Domingo de manhã, o alcaide da cidade de Fez, Marrocos, arrumou as malas e saiu apressadamente do Hotel Infante de Sagres, no Porto, onde ia ficar mais duas noites, com familiares. "Não fico mais aqui, passei uma noite de pesadelo", disse ao director do hotel, Paulo Carvalho, que ontem contou o sucedido ao JN, sublinhando que este cliente VIP foi apenas um dos que decidiu não voltar ao hotel de cinco estrelas por causa do barulho dos concertos que estão a decorrer todos os sábados, desde 16 de Julho, na Praça Filipa de Lencastre.
"Fiquei mortificado de vergonha. Perdi um grande cliente, que é presidente da Câmara de uma cidade turística com mais de um milhão de habitantes, perdi três noites de estadia, mas o mais importante é ter perdido a imagem, que é inquantificável", disse, indignado, ao JN, o responsável do hotel.
Desde que os concertos do ciclo Downtown Sounds começaram naquela praça - há actuações agendadas até 19 de Setembro, todos os sábados à noite, a partir das 22.30 horas - que Paulo Carvalho adquiriu o hábito de pedir desculpas a quem pernoita no hotel situado do outro lado da rua do palco. "Houve clientes que disseram que não punham mais cá os pés e temos tido muitas reclamações", relatou, ressalvando não ser contra a animação na Baixa, mas sim contra a forma como o evento está a ser controlado.
"O primeiro concerto acabou às quatro da manhã e este fim-de-semana acabou à uma da manhã. Chamámos a Polícia, que nada fez, dizendo que havia autorização", contou o director da unidade hoteleira. Além disso, "todos os sábados e domingos de manhã temos que deitar lixívia pura na entrada do hotel, porque fazem lá necessidades. E há ainda os vidros, os copos e as garrafas", assinalou. Diz ter tentado obter esclarecimentos junto da empresa municipal PortoLazer, que promove a animação na Baixa no Verão, sem sucesso.
Recorde-se que, no final de Julho, perante queixas da Associação Portuguesa de Hotelaria, Restauração e Turismo (APHORT), a Porto Lazer comprometeu-se a cumprir rigorosamente o horário de fim dos concertos, que é à meia-noite. O JN tentou ontem, sem sucesso, falar com o director da empresa municipal. "
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