O Porto e Norte de Portugal é a marca/região mais atractiva, no continente, para os turistas portugueses. É a conclusão preliminar de um estudo que o Turismo de Portugal apresentou, ontem, terça-feira, em Coimbra, e que suscitou de imediato críticas.
O polémico estudo científico, encomendado pela Turismo de Portugal à Brandia Central e cujos resultados finais só vão ser conhecidos em Dezembro, pretendeu avaliar a atractividade de 13 destinos turísticos no território continental e criar uma ferramenta de orientação para melhorar o posicionamento desses destinos perante o mercado interno. O ranking da atractividade das 13 marcas/região alvo de estudo coloca o Porto e Norte de Portugal em primeiro lugar, seguido do Douro, Algarve, Lisboa, Porto, Alentejo, Alentejo Litoral, Serra da Estrela, Centro, Lisboa e Vale do Tejo, Oeste, Alqueva e Leiria-Fátima.
O presidente da Turismo do Centro diz que "os resultados deste estudo são muito duvidosos" e "a sustentação do trabalho é demasiado falível". Pedro Machado critica o facto de a Madeira e os Açores não entrarem no estudo, que custou quase 200 mil euros ao Turismo de Portugal, e considera "impossível" que a região Centro seja mais atractiva, de facto, do que Lisboa e Vale do Tejo. Por outro lado, considera um absurdo que se meta "no mesmo saco" regiões de turismo que existem há poucos meses, como aquela que lidera, com outras, como o Algarve, que foram criadas há 50 anos. "É comparar o incomparável", defende o presidente da Turismo do Centro. Pedro Machado deixa uma outra "farpa" ao líder do Turismo de Portugal, Luís Patrão: "Parece-me uma questão de bom-senso que este estudo tivesse sido primeiro apresentado aos responsáveis pelas regiões de turismo e só depois aos jornalistas. E não a ambos ao mesmo tempo".
Luís Patrão reconhece alguns erros, como por exemplo "a apresentação de um ranking, que cria a ideia errada de competitividade". "Mas a Brandia Central foi livre de fazer o seu estudo, de acordo com os seus critérios, nos quais não interferimos", frisou. Entre as variáveis usadas pela Brandia Central para avaliar a atractividade de cada marca-região encontram-se as paisagens urbana e rural, gastronomia, simpatia da população local, oferta hoteleira, clima, oferta cultural, património. O resultado final do estudo será conhecido no final do ano. O objectivo é o de oferecer a cada marca-região dados que lhes permitam melhorar a sua atractividade.
Não percebo as críticas feitas. Há aqui coisas que me parecem óbvias. Que Madeira e Açores não fazem parte do conceito de turismo de proximidade e de fim de semana que é uma componente relevante do turismo interno. Que a existência administrativa de regiões de turismo não tem qualquer relação com a avaliação da atractividade turística de um destino. Que me parece perfeitamente razoável que o Centro (Coimbra, Aveiro, Viseu, Figueira da Foz) não pode ser mais atractivo do que Lisboa e Vale do Tejo (arredores de Lisboa como Sintra e Cascais e península de Setúbal). E seguramente não vejo porque motivo apresentar o estudo primeiro às regiões de turismo. As regiões de turismo deveriam ter sido consultadas, sim, para contribuir para a definição da metodologia do estudo. Uma vez definida a metodologia, a única opinião que interessa é a dos turistas.
A verdadeira crítica é que não é claro para os turistas o que é o "Porto e Norte" que não inclui nem o "Porto" nem o "Douro", o que é "Lisboa e Vale do Tejo" sem "Lisboa", sem "Oeste", e o que é o Alentejo sem o litoral nem o Alqueva. E já agora, o que é hoje o Alqueva em termos turísticos? Já tem alguma coisa? Que eu saiba ainda é apenas um destino turístico em projecto.
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